O céu tão azul
Sobre nossas cabeças
Tingido de chumbo
(E vermelho sangue)
Para que um povo pereça.
Este singelo espaço criei para expor meus quadros, alguns desenhos e também para registrar meus poemas e reflexões. Porque pintar, desenhar e escrever são minhas paixões desde sempre.
O céu tão azul
Sobre nossas cabeças
Tingido de chumbo
(E vermelho sangue)
Para que um povo pereça.
Quanto mais tempo
Deito o olhar
Sobre as coisas deste mundo
Mais fico a cismar
Estupefata
E mais ainda me confundo.
A ação do
ser
que seria
humano
(queria
esquecer)
na Armênia
nas Áfricas
na Palestina
são trevas
em noites
de insônia
frente à
atrocidade.
Só mesmo uma
luz divina
pode parar a
insanidade.
Notícias
caem como bombas
em meus
ouvidos
esmagam meu
coração
sangram a
esperança
que ainda
resta
nestes dias
sem compaixão
a humanidade
é um pesadelo
besta.
Fui crédula
fui crente
num mundo
melhor
a toda gente
hoje vi que
a paz
é utopia
inocente
não saber
talvez
seja o único
modo
de ser
contente.
Hoje – dia lindo
de sol
tranquila e
contente
ignoro que
amanhã
pode iniciar
outra enchente.
Perto do fim é tudo melancolia
a vida foge
aos poucos das nossas mãos
ficamos
indefesos a mercê da boa vontade alheia
solidão é
inevitável
bem como a
percepção da própria efemeridade.
É um tempo
de ficar mais perto de Deus
e desejar
que o fim seja somente um recomeço
noutra
dimensão.
Noite fria e
chuvosa
penso no
repouso
do corpo e
da alma
desditosa
com tamanha
alegria
como se
fosse festa
de guria.
Final de
noite o céu esbraveja
impropérios
- ameaça
de mais um
ciclone
trazendo
desgraça
a lua escondida
boceja
sem graça.
O pior já
passou - dizem
e – embora afirmem o contrário –
quando o
final se aproxima
o melhor
também
já passou.
Angústia
palavra que dói
esmaga corrói
é um soco no peito
nuvem cerração
cobrindo o caminho
tirando a visão.
Sentimento terno
de ternura
pleno e eterno
como a gema mais pura
amor materno
Afeto que depura.
Quando é longa a estrada percorrida
e muitas são nossas memórias
chega uma época de despedidas
um parente um colega um amigo
pessoas que num tempo já vivido
estiveram conosco na plateia
e no palco desta vida
personagens de uma história
familiar e coletiva
Concluem sua estadia – mas ficam
nas lembranças e na fotografia.
Sua jornada terminou
como a nossa findará
um dia.
comigo mesma
finalmente a percepção
- depois da culpa -
a aceitação
a desculpa
e a alma refeita.
Das
mulheres que me habitam
menina,
bruxa, artista,
mãe
e anciã
nenhuma
quer assistir à violência
grassar
sobre o corpo e a alma
ceifando
alegria e a vida
de
suas irmãs.
Algumas
tristezas invadem o cenário
da
mente
não
bastasse o cansaço
a me deixar doente
enganos do passado
vêm
me ferir como estilhaço.
A
vida é feita de demoras
que
o tempo presenteia a cada um
para
que aprenda a compor suas horas
de
valores e sentidos que o sustentem
no
perpassar de todas as auroras.